A falta de transporte adequado e em
quantidade suficiente é um dos principais gargalos na administração
dos grandes centros urbanos, que concentram 83,096 milhões de
brasileiros (42,5% da população), de acordo com pesquisa do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre mobilidade
urbana feita entre 2001 e 2010. No período, a concentração
manteve-se estável em relação aos 42,3% registrados em 2000.
As cidades periféricas das regiões
metropolitanas têm crescido bem mais que as cidades que deram origem
aos agrupamentos populacionais, em virtude, principalmente, dos altos
preços dos imóveis nas áreas centrais. Realidade conhecida na
prática, mas agora confirmada por estudo do Ipea sobre Dinâmica
Populacional e Sistema de Mobilidade nas Metrópoles Brasileiras.
A avaliação do Ipea sobre a ocupação
demográfica nas 36 regiões metropolitanas (RMs) e nas três regiões
integradas de desenvolvimento (Rides), nos últimos dez anos,
salienta que as populações de menor poder aquisitivo têm se
deslocado cada vez mais para longe dos grandes centros, embora a
oferta do maior número de empregos continue nos núcleos regionais.
Com isso, a região de moradia do trabalhador se
afasta dos locais de trabalho, em decorrência, principalmente, das
construções de grandes empreendimentos imobiliários onde o terreno
é mais barato, de acordo com Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho,
técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea que apresentou o estudo
sobre mobilidade populacional.
Segundo ele, o deslocamento da população cria a
necessidade de um sistema metropolitano de transporte adequado às
necessidades da comunidade, mas isso é incompatível com a
capacidade de financiamento dos municípios, isoladamente. Também
não existe aporte suficiente de recursos dos governos estaduais para
gerir o transporte público, e nem mesmo uma política específica do
governo federal para as RMs.
Por isso, os novos marcos jurídicos referentes à
formação de consórcios públicos intermunicipais e de parcerias
público privadas podem ser a saída para a criação de instituições
que possibilitem o financiamento dos equipamentos de transporte.
Enquanto isso, os investimentos federais de mobilidade nas regiões
metropolitanas se restringem aos sistemas metroferroviários, de
pouca abrangência, de acordo com o Ipea.