Proibir uso de celular nos bancos “é medida ingênua”, diz especialista

A proibição de uso do celular como
forma de combater o crime da “saidinha de banco”, o que tem
sido muito criticado pelos representantes dos bancários e vigilantes
em todo país, foi considerada uma “medida ingênua” pelo
coronel José Vicente, consultor em segurança, durante reportagem
exibida pelo programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, na última
sexta-feira, dia 5. Ele disse que a iniciativa de algumas cidades e
apoiada pelos bancos não faz sentido.

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“É uma
medida ingênua, porque ela não vai afetar efetivamente a ação de
criminosos. O bandido sempre se adapta a essas dificuldades. Ele
passa, por exemplo, a colocar informação para seu parceiro a partir
da calçada ou a partir de um microfone mais discreto que os
celulares modernos permitem”, observou o coronel.

A
Contraf-CUT, que mais uma vez não foi ouvida pela Globo, avalia que
a medida também é inócua e não resolve o problema. “Em vez
de proibir o uso do celular, é preciso impedir que olheiros possam
visualizar as transações dos clientes, como os saques em dinheiro”,
afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do
Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.

A
reportagem destaca que São Paulo se juntou a outras 34 cidades
brasileiras (22 paulistas e outras 12 em outros estados) que
proibiram o uso de celular dentro das agências. Um projeto de lei
foi aprovado na última semana pela Câmara Municipal.

O
Sindicato dos Bancários de São Paulo, que também não foi
entrevistado, enviou carta ao prefeito Gilberto Kassab, solicitando o
veto ao projeto.

Já a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban), que foi ouvida na reportagem, apoia a medida e voltou a
jogar a responsabilidade para a segurança pública e o judiciário.
“Você precisa ter uma ação efetiva da polícia e dos órgãos
de segurança, seja Polícia Militar, seja Polícia Civil, seja
Polícia Federal. Inclusive até o Poder Judiciário, através de
leis que penalizem e tipifiquem certos tipos de crimes que estão
sendo cometidos”, afirmou o diretor técnico da Febraban, Wilson
Gutierrez.

A Globo ainda informou que, no Estado do Rio de
Janeiro, a Assembleia Legislativa derrubou o veto do governador
Sérgio Cabral e colocou em prática uma lei estadual que proíbe o
uso do celular nos bancos. Em vigor há quatro meses, o número de
ocorrências não diminuiu no Rio.

“Eu acho que é uma
transferência de responsabilidade do estado, porque o estado tinha
de promover a segurança, e não proibir o uso de celular ou qualquer
coisa”, disse o assessor comercial Wanderlei Rodrigues de
Araújo, ouvido pela reportagem.

O diretor da Contraf-CUT
concorda que há uma transferência de responsabilidade. “Mas,
em primeiro lugar, é dos bancos para os clientes e a sociedade, na
medida em que esse crime tem início dentro das agências e não são
tomadas medidas para garantir a privacidade das transações, como a
instalação de biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas,
a colocação de divisórias individualizadas entre os caixas,
inclusive os eletrônicos, e a ampliação das câmeras para todos os
espaços internos e externos de circulação dos clientes”,
salienta Ademir.

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