Ipea mostra que bancos públicos ajudaram no combate à crise mundial

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) confirmou que os bancos públicos federais tiveram
atuação anticíclica durante a crise financeira mundial e
permitiram que o crédito continuasse crescendo de forma acelerada no
Brasil. Divulgado nesta quarta-feira (10), o documento mostrou que,
desde 2008, os créditos concedidos por bancos estatais subiram acima
de 30%, enquanto as intuições financeiras privadas reduziram o
ritmo de aumento dos financiamentos de 25% para 10%.

O estudo
analisou a concessão de crédito dos bancos federais para os setores
industrial, agrícola e de habitação, além da atuação das
instituições durante a crise iniciada em 2008. Só os empréstimos
para a compra da casa própria crescem cerca de 40% ao ano, desde
então, impulsionados pelo Programa Minha Casa, Minha
Vida.

“Independentemente do componente social do Minha
Casa, Minha Vida, o programa foi uma das medidas de contenção da
crise, e se mostrou eficiente. Em 2009, os empréstimos habitacionais
cresceram 55%, o que estimulou fortemente a produção nacional”,
informou o técnico de Planejamento e Pesquisa do órgão, Victor
Leonardo de Araujo.

Entre 2001 e 2004, o percentual de crédito
em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) variava entre 25% e 26%.
A partir de 2005, essa proporção foi aumentando até atingir 44% em
2009. Em 2010, o país disponibilizou em crédito valor
correspondente a 46%, percentual já superado no acumulado até maio
de 2011, quando o crédito já representava 47% do PIB.

“O
Brasil vive, desde 2004, um ciclo inédito de aumento ininterrupto do
crédito. Até 2007, os [bancos] privados puxavam os financiamentos.
Em 2008, a curva se inverteu, o crédito dos bancos privados
desacelerou fortemente e o crescimento foi sustentado pela atuação
anticíclica das instituições públicas”, explicou
Araujo.

Segundo ele, os bancos públicos atuam também em
segmentos que estão fora dos setores mais capitalizados do
agronegócio, como a agricultura familiar. O estudo revela, ainda,
que além de auxiliarem o governo em momentos de crise, os bancos
públicos federais continuam tendo relevância nas políticas
públicas de desenvolvimento econômico.

Houve aumento da
participação privada na concessão de crédito rural, provocado
principalmente pela elevação dos preços das commodities. No
entanto, 55% do volume total continuam concentrados em instituições
estatais. De acordo com o Ipea, 75% dos financiamentos na habitação
são concedidos pelo setor financeiro público.

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