O Ministério Público
do Trabalho (MPT) decidiu marcar uma nova e ampliada audiência de
mediação entre a Contraf-CUT e o Santander para a próxima
quinta-feira, dia 17, às 14h, em Brasília, o que possibilitará a
participação de sindicatos e federações de todo país. A medida
foi tomada pela procuradora do MPT, Ana Cristina Tostes Ribeiro, ao
final da segunda mediação entre as partes, ocorrida nesta
quarta-feira, dia 9, na capital federal.
A procuradora disse
que o banco estava disposto a estender o acordo firmado nos dissídios
coletivos com os Sindicatos dos Bancários de São Paulo, ABC e
Santos no TRT de São Paulo. O banco informou que na audiência de
conciliação do dissídio proposto pelo Sindicato dos Bancários do
Rio de Janeiro foi acertado que prevaleceriam os mesmos termos desse
acordo.
A Contraf-CUT salientou que nos dissídios coletivos
movidos pelos Sindicatos dos Bancários da Bahia e da Paraíba foram
concedidas liminares, que permanecem vigentes. Também foi informado
que a Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul
ajuizou ação civil pública e obteve liminar, que igualmente
continua em vigor.
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco
também entrou com ação civil pública e aguarda decisão sobre o
seu pedido de liminar (leia mais aqui).
O objetivo dessa
audiência ampliada é garantir que cada entidade sindical possa se
manifestar sobre as demissões em massa que ocorreram no banco
espanhol em dezembro e apresentar propostas de reintegração dos
demitidos e de combate à rotatividade, a fim de evitar que o mesmo
processo de dispensas volte a acontecer agora em janeiro e nos meses
seguintes.
“Só aqui em Pernambuco foram cerca de 60
demitidos em dezembro”, conta a presidenta do Sindicato, Jaqueline
Mello. “O Sindicato suspendeu as homologações assim que
constatamos que se tratava de uma demissão em massa. Ao todo, 37
bancários procuraram o Sindicato e, destes, 22 estavam inaptos para
a demissão, o que mostra uma total falta de respeito por parte do
Santander”, diz Jaqueline.
Durante a audiência, os
representantes do banco informaram que o Santander contratou 95
funcionários em 2013 até esta quarta, mas não souberam dizer
quantos já foram desligados até agora em janeiro. Graças à
determinação da procuradora do MPT na primeira audiência, o
Santander enviou para a Contraf-CUT uma lista de 1.280 desligamentos
em dezembro. Nesta quarta-feira, o banco disse que admitiu 325
funcionários no mesmo período.
“Isso mostra que houve
um corte de 955 empregos em dezembro, a maior redução de vagas por
mês nos últimos dois anos, conforme revelam os dados do Caged de
2011 e 2012”, destaca Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa
da Contraf-CUT. “O banco reconhece que mandou embora quase mil
funcionários na véspera do Natal, muitos com mais de 10 e 20 anos
de banco, perto da aposentadoria, só para reduzir custos e aumentar
os lucros para mandá-los à Espanha”, critica.
Rotatividade
de 27,4% – Os representantes dos bancários apontaram que esses
dados do Caged comprovam a política nefasta de rotatividade, segundo
análise técnica feita pelo Dieese. Enquanto a taxa no setor
bancário foi de 7,6% entre janeiro e novembro de 2012,o índice no
Santander atingiu 27,4% no mesmo período.
“Isso foi
quase quatro vezes superior à vigente no setor bancário como um
todo. Isso significa que num período de 11 meses o banco ‘girou’
quase um terço do seu quadro de pessoal. Mantida essa taxa em três
anos, o banco terá ‘girado’ quase 100% dos seus funcionários”,
avalia o Dieese.
O estudo revela que o banco desligou 13.700
empregados entre janeiro e novembro de 2012, com geração de 667
postos de trabalho no período, embora tenham sido registrados saldos
negativos nos meses de março (-67), maio (-94), junho (-8) e
novembro (-150). O maior desligamento ocorreu em outubro, mês após
a assinatura da convenção coletiva, com 2.208 empregados.
Apesar
dos números, o banco disse em ata que “não há nenhum plano de
redução de quadros, com dispensa coletiva, bem como afirma que não
está sendo vendido”. Além disso, o banco registrou que “o
seu turn over encontra-se dentro da média do segmento financeiro”.