Banco do Brasil adota necropolítica implementada pelo governo Bolsonaro

A Diretoria de Pessoas (Dipes) do Banco do Brasil, representada por Paulo César, foi categórica ao afirmar à Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), em reunião realizada nesta quarta-feira (22), que houve má interpretação dos gestores quanto ao comunicado enviado pelo banco sobre o retorno de funcionários autodeclarados coabitantes ao trabalho presencial. Na ocasião, os representantes dos funcionários cobraram do banco respeito à mesa permanente de negociação e criticaram a tomada de decisão de forma unilateral.

De acordo com Paulo César, a orientação repassada aos gestores foi para que cada caso fosse tratado individualmente. Entretanto, o comunicado enviado aos funcionários orienta o retorno de todos, de forma indiscriminada, na próxima segunda-feira (27).

“Em muitos estados os picos de infecção pelo novo coronavírus estão voltando com muita força. Indagamos o motivo do precipitado retorno nesta data, em especial porque a produtividade no teletrabalho tem sido grande, e o BB nos trouxe respostas evasivas. Vemos uma ação política, alinhada à necropolítica implementada pelo governo Bolsonaro, na contramão do cuidado com a vida das pessoas”, criticou a presidenta interina do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e membro do CEBB, Sandra Trajano.

O Governo Federal, como controlador do Banco do Brasil, pressiona pela aplicação da Portaria Conjunta nº 20, de 18/06/2020, do Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e Ministério da Saúde, que altera a caracterização dos grupos de risco. Um dos representantes do BB, o vice-presidente corporativo, Mauro Ribeiro Neto, chegou a declarar que é “os olhos e os ouvidos do presidente Bolsonaro dentro do Banco do Brasil”. Mauro não é funcionário de carreira, é oriundo do mercado financeiro, o que reforça o modelo privatista que está sendo adotado no banco.

Casos como mães com filhos pequenos que ainda não retornaram às aulas e funcionários que coabitam com idosos ou com pessoas com comorbidades, e que por isso não têm condições de retornar ao trabalho presencial, chegaram ao conhecimento dos Sindicatos.

Na ocasião, os representantes dos funcionários cobraram do Banco Brasil uma retração por alguns gestores terem afirmado que a medida estava respaldada no ACT Emergencial da Covid-19. Os representantes do banco informaram que a solicitação será levada ao Comitê, que verá se há a possibilidade da emissão de um novo comunicado esclarecendo estes pontos e para verificar se existe a possibilidade de alteração, ou suspensão da data de retomada do trabalho presencial, sem se comprometer nem com a emissão de um novo comunicado, nem com a suspensão ou alteração da data. “Infelizmente, não esperamos uma resposta positiva, tendo em vista a política de desrespeito adotada pela administração do BB”, destaca Sandra Trajano.

METAS

Em meio à pandemia, o Banco do Brasil apresentou aos representantes dos funcionários durante a reunião mudanças no Programa de Gratificações (PDG) e na ferramenta de Gestão de Desenvolvimento por Competências (GDP). “É absurdo que o BB concentre esforços para atualizar programas com aumento de metas quando sabemos que existe uma inércia econômica gerada pela pandemia. Além disso, o foco neste momento deveria ser proteger a vida das pessoas”, conclui Sandra Trajano.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Diana Ribeiro  Jornalista Responsável: Beatriz Albuquerque  • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer: Bruno Lombardi