De acordo com a presidenta interina do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Sandra Trajano, as metas abusivas são responsáveis por inúmeras doenças. “O alto índice de adoecimento da categoria associado às metas abusivas é preocupante, em especial durante a pandemia que traz uma sobrecarga. Mesmo com a crise sanitária, os bancos continuam cobrando metas e lucrando alto. Por isso, a saúde é prioridade nesta campanha nacional e não aceitaremos retirada de direitos neste eixo ou em qualquer outro”, destaca Sandra Trajano.
A consulta nacional feita este ano com quase 30 mil bancários mostra que, para mais da metade dos entrevistados (54,1%), o cansaço e a fadiga constante são resultados da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas. A crise de ansiedade foi apontada por 51,6% como impacto na saúde.
Outros efeitos do trabalho exaustivo, identificados na consulta, foram: dificuldade para dormir (39,3%); crise de ansiedade (51,6%); crises constantes de dor de cabeça (24,2%), e dores de estômago e gastrite (24,1%). Mais de um terço dos bancários (35%) recorrem a antidepressivos, ansiolíticos ou estimulantes para se medicarem.
Segundo a Fenaban, os bancários alegaram em pesquisa realizada pelos bancos não ter problemas para bater as metas. Os representantes dos bancos chegaram a defender o chamado “ranking positivo”, que na prática só traz impactos negativos para categoria. A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), em sua cláusula 39, proíbe a divulgação de ranking por causar o constrangimento, assédio moral e pressão no ambiente de trabalho.
“No Sindicato dos Bancários de Pernambuco, temos um trabalho reconhecido nacionalmente no combate ao assédio moral. Entendemos que o ranking é uma das ferramentas de assédio moral mais cruéis para cobrança de metas, que acirra a competição e expõe o trabalhador, aumentando de forma expressiva o adoecimento da categoria. Hoje, o adoecimento causado pelo assédio moral representa quase 50% dos casos e não vamos permitir que esse cenário piore ainda mais”, ressalta o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, João Rufino.
Retirada de direitos
Os representantes dos bancos também apresentaram propostas de mudanças para cláusula 57, que significam na prática a retirada de direitos da categoria bancária. Uma delas é reduzir de 120 para 90 dias o pagamento de benefício emergencial de salário pelos bancos para os funcionários, enquanto o bancário recorre de alta indevida pelo INSS.
Com relação à cláusula 29 da CCT, a Fenaban quer mudar é a que regula a complementação salarial em caso de afastamento para tratamento quando o benefício seja menor que o salário. Até agora, o funcionário pode ter essa complementação por 24 meses. A proposta da Fenaban é de que passe a ter uma carência de 12 meses entre um afastamento e outro, para que seja pago a complementação (retornando ao trabalho).
“Após essa reunião, o que está posto é que a categoria bancária precisa manter a unidade e a mobilização para fortalecer a nossa Campanha Nacional. Só assim, poderemos garantir e proteger as conquistas que temos na CCT. Tudo o que temos hoje é fruto da nossa luta. Nenhum direito é benesse do banco. O Sindicato está na luta com os bancários e convoca todos e todas para se envolverem, acompanharem as negociações e pressionarem os bancos”, conclui Sandra Trajano.