Não é novidade que o capitalismo, sistema concentrador de riquezas e responsável pela aniquilação de milhares de seres humanos, nunca terá a menor intenção de controlar sua fome insaciável por poder e riquezas, às custas da miséria que assola a maioria da população mundial. No entanto, a pandemia da covid-19 nos revela faces ainda mais perversas desse vil sistema.
Segundo o relatório Riqueza Global, na pandemia, 1% da população brasileira detém 49,6% da riqueza total do País. Entre os dez países pesquisados, o Brasil é o segundo País mais desigual. Estamos na era do capital improdutivo, momento oportuno para o aumento da pobreza em larga escala. Enquanto a fome e ausência de políticas públicas caminham a passos largos, crescem as ameaças ao sistema democrático de direito. Não devemos enxergar essas situações como casos isolados. Os eventos econômicos, políticos e sociais estão interligados.
A expressão “temos que aproveitar o momento da pandemia para passar a boiada”, proferida pelo ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, deixa explícito como este governo tenta aproveitar o momento da pandemia, ignorando milhares de mortes, para avançar com seu plano de entreguismo. Por essa “porteira” do descaso passam as reformas que atingirão o serviço público, a tentativa de descapitalização dos bancos públicos, a privatização das empresas públicas estratégicas para nossa economia, e cortes de programas sociais. Passar a boiada se alinha perfeitamente aos interesses dessa parcela minoritária que detém a maior parte das riquezas que são produzidas pela maioria da população.
Essa triste página da história mundial, marcada pela covid-19, para alguns poucos está sendo uma ótima oportunidade de negócio. A vida, neste caso, não tem a menor relevância.
Somos mais de sete bilhões sendo tragados por esta máquina insana de triturar gente. Somos a maioria, temos a força do trabalho que faz mover o mundo, mas é necessário entender o nosso papel na história e onde nos encontramos neste cenário dominado pelo capital financeiro. Não podemos esperar ou mesmo achar que não vale a pena lutar. Sigamos firmes!