
Após sucumbir à pressão do líder do centrão, presidente do PL e condenado no processo do mensalão, Valdemar Costa Neto, o Conselho Administrativo do Banco do Nordeste oficializou a destituição do presidente da entidade, Romildo Rolim, nesta quinta-feira (30), nomeando o interino Anderson Possa. O nome ventilado para efetiva substituição é o do engenheiro Ricardo Pinto Pinheiro. Os demais membros da diretoria também estão ameaçados de destituição. Por trás do xadrez político, está em disputa a carteira de microcrédito do banco de desenvolvimento econômico e social.
“O que está havendo é uma movimentação espúria para retirar o microcrédito do Banco do Nordeste e, desta forma, acabar com o banco. O governo bolsonaro pretende derrubar toda a diretoria, porque ela não quer colocar o banco em risco fazendo uma licitação que é absurda para substituir o serviço do Inec (Instituto Nordeste de Cidadania), que é uma Oscip que vem apresentando bom desempenho. Não é por acaso que hoje, o Banco do Nordeste é responsável por 86% do microcrédito do País”, critica o representante do Sindicato dos Bancários de Pernambuco na CNFBNB, Rubens Nadiel. A Comissão Nacional dos Funcionários do BNB tem realizado reuniões periódicas para traçar estratégias de defesa para o microcrédito e o Banco do Nordeste.
O Inec opera o microcrédito com o Crediamigo, voltado aos pequenos empresários, e o Agroamigo, destinado aos pequenos agricultores rurais, trazendo benefícios para o Nordeste e reduzindo as desigualdades regionais. De acordo com o banco, o contrato com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) está em conformidade com legislação vigente, com mais de sete mil colaboradores em todos os estados do Nordeste e nos nortes de Minas Gerais e do Espírito Santo.
“Com os dois programas, cerca de 3,6 milhões de microempreendedores e agricultores familiares são atendidos anualmente, com mais de R$ 15 bilhões investidos em 2020. O que o governo Bolsonaro e seus aliados pretendem com a mudança da diretoria do banco é acabar com os investimentos realizados na nossa Região e lançar a carteira do microcrédito para o setor privado”, afirma o secretário de Bancos Públicos do Sindicato, Ricardo Vaz.
Para denunciar os ataques ao Banco do Nordeste, à Caixa Econômica, ao Banco do Brasil e ao BNDES, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco reforçará a Campanha em Defesa dos Bancos Públicos dentro dos locais de trabalho para mobilizar os bancários. Nos últimos meses, a entidade realizou uma forte campanha de mídia externa, com outdoors, outbus e bicicletas sonoras, chamando a atenção da sociedade para o papel social dessas empresas públicas.