Comando Nacional dos Bancários defende combate às metas abusivas em negociação com Fenaban

A maior causa do adoecimento na categoria bancária é a pressão, com assédio moral, por cumprimento de metas abusivas. Este foi um dos principais pontos da negociação que aconteceu na tarde desta segunda-feira (1º/8) entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura, participou da negociação e destacou o direito à desconexão. 
Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%. A variação entre os bancários foi 1,7 vezes maior do que a média dos outros setores.
Com as mudanças do setor financeiro houve alterações também no tipo de doença entre os bancários. Antes as doenças que mais acometiam a categoria eram as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) e agora é o adoecimento mental.
“Os banqueiros negam a relação do adoecimento da categoria com as pressões sofridas no ambiente de trabalho, porque a ideia é manter esse tipo de cobrança e, ainda pior, aumentar as metas e as pressões. Para os bancos o que importa são os lucros. As condições trabalho, para eles, são apenas um detalhe que faz parte dessa máquina insana de moer gente. As novas tecnologias trazem mais desafios para nossa categoria. Os bancos se apropriaram rapidamente deste novo cenário, impondo desumanização à categoria que hoje não tem direito à desconexão. Vivemos 24 horas conectados, pensando e tentando atingir metas”, critica o presidente do Sindicato, Fabiano Moura. 
Os bancos começaram a reunião dizendo que as metas não geram adoecimento, que o adoecimento mental não é um problema dos bancários. Mas o Comando Nacional provou que o adoecimento mental dos bancários é maior que em outras categorias. 
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e coordenadora do Comando Nacional, retrucou a posição dos banqueiros, afirmando que o ambiente de trabalho é comprovadamente insalubre e não é possível que os bancos neguem as causas desta triste realidade. “Através dos estudos que fizemos, da realidade no interior dos locais de trabalho, os bancários estão adoecendo vítimas das pressões por metas, ameaça de perda de função e demissão”.
O levantamento do Dieese, a partir de dados do INSS, aponta que as doenças mentais e comportamentais representavam 23% dos afastamentos previdenciários da categoria em 2012. 
Em 2021, a porcentagem passou para 36%. Entre os afastamentos acidentários (B91), o salto foi de 30% em 2012 para 55% em 2021. As doenças nervosas saíram de 9% para 16%.
Outro dado destacado por Juvandia, da última pesquisa de teletrabalho, aponta que 37,5% dos bancários disseram que para melhorar a saúde da categoria os bancos precisam reduzir as metas e a pressão pelo seu cumprimento.
Na reunião desta segunda-feira, os bancos insistiram que seria preciso realizar estudos para se comprovar se o adoecimento mental é consequência da pressão por metas e do assédio moral sobre os bancários. Mas, após o Comando apresentar diversos casos concretos, coletados a partir do atendimento a bancários no dia a dia, a Fenaban aceitou analisar as propostas da categoria.
“Além dos riscos ergonômico e psicossocial, surgiu mais um, o biológico, relacionado à Covid-19, para tensionar e adoecer ainda mais os bancários. Os bancos precisam tratar esta questão com foco na saúde e não econômica, na busca de mais lucro”, afirmou o secretário da Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles
Os bancários buscam a inclusão de novas cláusulas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em decorrência da atual conjuntura sanitária do país e do mundo, que estabeleça protocolos sanitários para se evitar o contágio e propagação não apenas da Covid-19, mas também de outras doenças. Outra cláusula nova proposta é a que trata das medidas pós-covid-19, com a inclusão de procedimentos de combate e prevenção de doenças e suas sequelas. 
A próxima reunião de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2022 com a Fenaban acontece na quarta-feira (3). Em pauta, as cláusulas econômicas

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