Resultado de um processo democrático, o povo brasileiro elegeu no último domingo (30), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o novo presidente do país. Com recorde de 60.345.999 votos válidos (50,9%), o representante histórico da esquerda será o primeiro brasileiro a conquistar, pelo voto direto, um terceiro mandato para o cargo em toda a história da República.
Apesar da vitória ser incontestável, já tendo sido reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidências da Câmara e do Senado, e lideranças internacionais (presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, do Chile, Gabriel Boric, e da Argentina, Alberto Fernández, e os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, e da Espanha, Pedro Sánches), o candidato derrotado quebrou a tradição democrática e manteve-se em silêncio.
Os movimentos sociais seguem mobilizados para garantir a transição e posse no dia 1º de janeiro de 2023, tendo em vista manifestações antidemocráticas de contestação que ocorrem em pontos isolados no país. “Esta eleição será um marco na nossa democracia, pois os aparelhos do Estado foram utilizados fortemente para tentar garantir um outro resultado para esta eleição, por meio da liberação de orçamento secreto, de verbas federais para tentar manipular a população às vésperas da eleição, e até dificultar o acesso de eleitores à votação. Agora, nós que representamos o campo democrático de luta, vamos garantir o respeito à constituição e ao resultado da eleição”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura.
O outro candidato, Jair Bolsonaro (PL), obteve 58.206.354 votos (49,1%), e se torna o primeiro presidente no exercício do cargo a não conseguir a reeleição, desde que essa possibilidade passou a vigorar, nas eleições de 1998.
Lula iniciou sua atuação política como líder sindical do setor metalúrgico no ABC paulista, liderando movimentos de resistência à ditadura militar (1964-85), sendo o primeiro operário eleito presidente, com dois mandatos exercidos de 2003 a 2006 e de 2007 a 2010. Seus governos foram marcados por entregas sociais estruturantes, responsáveis por retirar o Brasil do Mapa da Fome.
Neste 2º turo, Lula conquistou 69,34% dos votos válidos da Região Nordeste, mesmo com a realização de blitz irregulares da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que causaram transtornos para o deslocamento de eleitores. Logo após a proclamação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento reforçando o seu compromisso com o combate prioritário à fome e à miséria e, em tom de união, ressaltou: “A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”.
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco, que sempre lutou pela defesa irrestrita da democracia e do estado de direito, acompanhará vigilante o “apagar de luzes” do governo Bolsonaro e as ações futuras do governo Lula, assim como do Congresso Nacional.
“Teremos grandes desafios pela frente e vamos permanecer mobilizados para garantir avanços nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, o fortalecimento dos bancos púbicos, o desenvolvimento sustentável com distribuição de renda e justiça social, o respeito aos direitos humanos e à diversidade, o fim da discriminação racial e a valorização das mulheres. No governo Lula manteremos nossos princípios de autonomia e liberdade sindical frente a qualquer governo, partido político e patrões. Estaremos sempre, de forma intransigente, defendendo os interesses da classe trabalhadora”, conclui Fabiano Moura.