
As bancárias e os bancários aderiram massivamente às manifestações de ruas em todo o Brasil, convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para 21 de março, para exigir a redução da taxa básica de juros (Selic). Definido pelo Banco Central (BC), o índice está em 13,75% ao ano – o mais alto do mundo. As mobilizações ocorreram em cerca de dez capitais, entre elas no Recife (PE), onde o Sindicato dos Bancários realizou um ato de protesto em frente ao banco Santander, na Av. Conde da Boa Vista, área de grande circulação de pessoas.
“O Brasil não suporta uma taxa de juros beirando os 14%, imposta pelo Banco Central, que de independente não tem absolutamente nada. O BC, hoje, atende aos interesses do capital especulativo, nacional e internacional. A sociedade brasileira exige que esses juros baixem para que o país possa investir na produtividade e a economia volte a crescer”, afirma Fabiano Moura, presidente do Sindicato.
Para chamar atenção da população para o tema, a atividade contou com um boneco gigante de Olinda caracterizado de lobo dos juros altos, atuação teatral de Adriano Cabral como uma ovelha representando a economia ameaçada e uma orquestra de frevo. Na ocasião, a entidade também distribuiu uma história ilustrada, produzida com o Comitê Popular de Luta dos Bancários, explicando os impactos dos juros altos na vida da população.
A data foi escolhida pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos populares por coincidir com o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), para decidir sobre a taxa básica de juros, Selic. Este é o segundo encontro do comitê após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reunião vai até esta quarta-feira (22), quando é anunciada, após o fechamento do mercado, a decisão do grupo.
“Esses juros altos prejudicam diretamente as nossas vidas, nos deixando cada vez mais endividados, comendo pouco, tendo acesso restrito à moradia, prejudicam os serviços públicos. Os juros altos nos atingem enquanto cidadãos, trabalhadores e trabalhadoras”, completa a vice-presidenta da CUT-PE, Uedislaine Santana.
Os atos também reivindicam a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), órgão que julga processos administrativos de grandes devedores e, em geral, beneficia as empresas sonegadoras porque a maioria dos conselheiros é empresário.