
Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver. Este é o tema do Julho das Pretas 2023, que conta com quase 500 atividades, organizadas por 230 entidades em todo o país. Com foco na reparação para a população negra, o movimento é importante para reforçar vozes necessárias pra reconstrução do país, com políticas públicas transversais.
A dirigente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e coordenadora do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato, Eleonora Costa, destaca que o país tem uma dívida histórica com as mulheres negras. “Nosso povo, que foi sequestrado da África e escravizado, hoje ocupa postos de trabalho precarizados, com baixos salários, além de muitas vezes não ter acesso à educação, à moradia digna, à saúde e outros direitos. Somos mulheres negras, chefes de família, com capacidade de ocupar outros espaços. Por isso, exigimos reparação e bem viver”, afirma.
A discriminação, o sexismo, o racismo e a falta de oportunidades no mercado de trabalho podem ser evidenciadas nos dados estatísticos. Mais de 40% das mulheres negras hoje estão na classificação de subutilizadas no mercado de trabalho, e, segundo relatório divulgado recentemente pela Anistia Internacional, com dados de 150 países, no primeiro semestre de 2022, quatro mulheres foram mortas por dia no Brasil, totalizando 699 feminicídios, sendo que as mulheres negras representam 62% do total de vítimas.
Diante dessa realidade, a secretária da Mulher do Sindicato, Alzira Cavalcanti, reforça que a luta contra a discriminação às mulheres negras deve ser coletiva. “Enquanto sociedade precisamos refletir sobre as desigualdades e o racismo estrutural no nosso país. Neste sentido, o Sindicato busca visibilizar às pautas e políticas públicas necessárias para uma sociedade livre de violência contra todas as mulheres, especialmente as mulheres negras”, destaca.
No setor bancário, a mulher preta representa somente 1,1% das que estão em cargos de liderança. Além disso, a remuneração média da mulher preta bancária é, em média, 40,6% inferior à remuneração do homem bancário branco.
História
O dia 25 de julho, Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, foi instituído em 2014, por decreto da presidenta Dilma Rousseff. A data coincide com o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992. Tereza de Benguela foi líder do quilombo de Quariterê, violentamente destruído em junho de 1770.