Ano Novo, velhos problemas na Caixa

A Caixa resolveu inovar
na “solução” do problema de superlotação das agências e
falta de empregados suficientes para atender à demanda. A mais
recente denúncia que chega ao Sindicato dá conta de que, no Recife,
para evitar sucessivas multas por conta do descumprimento da Lei das
Filas, o cliente é obrigado a esperar do lado de fora da agência. A
determinação da empresa é de que a senha seja entregue, somente,
quando se torna possível garantir o atendimento no tempo
regulamentar: 15 minutos em dias normais e 20 minutos nos dias que
antecedem e seguem os fins de semanas e feriados.

“Isso é
fraude”, afirma Anabele Silva, secretária de Comunicação do
Sindicato e empregada da Caixa. Para ela, ao invés de aumentar o
número de bancários para atender adequadamente à população, “o
banco parte para criar alternativas bizarras”.

Agências
lotadas, todas com número insuficiente de empregados é sinônimo de
sobrecarga de trabalho, clientes insatisfeitos e estresse diário –
de parte a parte. Na semana passada, por exemplo, após horas de
espera, um cliente enfurecido, literalmente, meteu o pé na porta da
Agência Conde da Boa Vista, transformando-a em caquinhos. Um remendo
de madeira foi providenciado para substituí-la,
temporariamente.

Some-se a isso, sistemas inoperantes que
obrigam, muitas vezes, ao fechamento de agências por longo período.
Também na semana passada, a Agência Shopping Recife, por exemplo,
ficou fechada até o meio dia, porque o sistema estava fora do ar.
Nesta terça, dia 8, o problema voltou a acontecer, em várias
unidades.

“Como se vê, 2013 mal começou, mas as condições
de trabalho e atendimento na Caixa continuam as mesmas. Esta tem sido
a tônica na vida dos empregados e usuários do banco, desde há
muito, apesar dos protestos e gestões do Sindicato junto à direção
da empresa. Jornada de trabalho de 10 horas para os caixas é praxe, faztempo”, lembra a presidenta do Sindicato, Jaqueline
Mello, empregada da Caixa.

Problemas crônicos – A
reivindicação de mais agilidade na chamada dos concursados, segundo
Anabele Silva, até tem se dado, mas as contratações acontecem,
basicamente, para suprir a vaga dos aposentados ou são direcionadas
para as novas agências. Em 2012, a Caixa abriu seis unidades de
atendimento em Pernambuco, das cerca de 300 inauguradas país afora:
Peixinhos, Pontes dos Carvalhos, RioMar, Paudalho, Ribeirão e 29 de
Dezembro, em Santa Cruz do Capibaribe. E há promessas de abrir novas
agências ainda este ano.

Aliás, importante lembrar que o
número de aposentadorias é crescente, estimulados pelo PAA (Plano
de Apoio à Aposentadoria) instituído pelo banco no ano passado, e
que teve o prazo de adesão prorrogado até dia 31 de janeiro de
2013. “Em si é uma contradição estimular aposentadorias quando
faltam empregados e sobra trabalho sem que se ofereça as condições
adequadas”, observa Jaqueline.

A posição do Sindicato é
clara: “Queremos que as contratações venham para suprir a falta
de empregados e para dar conta da demanda crescente de novos produtos
e serviços, melhorar as condições de trabalho e atendimento, e não
apenas para preencher as necessidades das novas agências e as vagas
decorrentes das aposentadorias”, reforça Jaqueline.

Os
resultados da Caixa mostram que não é por falta de recursos que o
banco não resolve os problemas: só de janeiro a setembro do ano
passado, o lucro líquido foi de R$ 4,197 bilhões, 17,7% superior a
igual período de 2011. É o maior lucro apurado em nove meses
iniciais de um ano, segundo alardeou o próprio banco.

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