Santander recusa no MPT negociação sobre formas de proteção ao emprego

O Santander pretende
continuar demitindo pais e mães de família em 2013. Em nova e
ampliada audiência de mediação realizada nesta quinta-feira, dia
17, no Ministério Público do Trabalho (MPT), em Brasília, o banco
recusou a proposta dos sindicatos de reintegração dos demitidos em
dezembro de 2012 e de negociação sobre formas de proteção ao
emprego.

“Na última audiência, o Santander disse que não
havia demissão em massa e que não tinha nenhum plano de reduzir o
quadro de funcionários. Diante desta afirmação, propusemos na
audiência desta quinta a assinatura de um acordo para garantir que
não haja queda do número de funcionários, com o compromisso de
discutir previamente com os sindicatos quando houver demissões. O
Santander, no entanto, recusou a proposta”, conta a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello, lembrando que só em Pernambuco foram
cerca de 60 demitidos no mês passado.

Durante a audiência, o
presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, reiterou que o banco
demitiu 1.280 funcionários em dezembro, o que representou o corte de
955 empregos. Ele denunciou que novas demissões estão ocorrendo em
janeiro. Cordeiro informou ao MPT que na terça-feira (15) o banco
assinou um acordo de emprego no processo de fusão do Banesto com as
entidades sindicais espanholas (CC.OO-Comfia, UGT-FES, FITC e SEB),
em Madri. Os representantes do banco alegaram que “são
realidades diferentes”.

“A diferença está no
tratamento do banco aos trabalhadores. Lá, na Espanha, em crise
financeira, o Santander fecha acordo, garantindo mecanismos de
informação, diálogo e respeito aos direitos dos funcionários, sem
medidas traumáticas. No Brasil, onde sai 26% do lucro mundial, o
banco demitiu em massa antes do Natal, pratica rotatividade, age sem
transparência e rechaçou negociação prévia sobre demissões. A
diferença é que o banco trata os trabalhadores brasileiros como se
eles fossem de segunda categoria, o que é inaceitável”, disse
o dirigente sindical.

A procuradora do MPT determinou que o
banco remeta detalhadamente por cada base sindical, até o meio-dia
da próxima segunda-feira, dia 21, os números de desligamentos sem
justa causa, pedidos de demissão e aposentadoria ocorridos entre
janeiro e dezembro de 2012. A Contraf-CUT pediu que fosse registrado
em ata que a forma de envio dos dados não garantirá a exatidão das
informações – o que somente se dará com a entrega do Caged aberto.
No mesmo prazo, o banco também deverá enviar os dados do Caged de
dezembro do ano passado, com o total de admitidos e desligados.

“Com
o acesso às informações, esperamos obter novos dados que permitem
esclarecer o processo de demissões e reforçar a luta pela
reintegração dos demitidos e pela construção de mecanismos de
combate à rotatividade, essa jabuticaba que só existe no Brasil e
que arrebenta com o emprego e a dignidade dos trabalhadores”,
salienta o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr,
que é funcionário do banco.

Nova mediação dia 23 –
Nova e ampliada audiência de mediação, aberta à participação de
sindicatos e federações, foi marcada pelo MPT para a próxima
quarta-feira (23), às 17h, em Brasília.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Diana Ribeiro  Jornalista Responsável: Beatriz Albuquerque  • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer: Bruno Lombardi