Das bancas e lojas populares no Centro do Recife aos gabinetes mais importantes do Complexo de Suape. Dos restaurantes e pousadas às grandes empresas da construção civil. Todos os especialistas ouvidos pelo Diario veem o bom momento econômico como a base do aumento de 62,5% no número de imigrantes que vieram morar em Pernambuco entre 2006 e 2010, na comparação com o período anterior (2001 a 2005). O fenômeno, que se repete até em maior escala em outros estados do Nordeste e do Brasil, intensificou-se por causa da crise na Europa.
O economista Valdeci Monteiro acredita que Pernambuco e outros estados se tornaram atrativos porque apresentaram mudanças econômicas significativas, gerando emprego e renda – justamente, o que falta em países como Espanha, Itália, França e Portugal. Para o especialista, a imigração seguirá forte até o fim da década, mesmo que desacelere em relação aos últimos anos. “Ao mesmo tempo em que há alta demanda no mercado de trabalho, existe carência de mão de obra qualificada. Além disso, a crise mundial não dá sinais de solução no curto prazo.”
O consultor de gestão Francisco Cunha, da TGI, concorda que muitos cargos mais qualificados serão ocupados por estrangeiros. “Aqui, ainda não há especialização para áreas como petróleo, farmacoquímica, engenharia automobilística. Para formar o profissional, levaria uns dez anos. Então, provavelmente, os contratados serão de fora do estado ou do país”. Já se observa, também, a contratação de “forasteiros” para vagas de chefia. É o caso do português Luís Castaño, 26, que, há um mês, trancou um curso de especialização em Lisboa para assumir a gerência de uma unidade da H3, rede de hamburgueria europeia que está chegando ao Recife. “Lá em Portugal, trabalho está difícil. Vim para cá por causa do salário, da oportunidade de trabalhar com um amigo (o empregador) e da experiência”.