Quase 8 milhões de votos no Plebiscito pela Reforma Política

Apesar
do boicote dos grandes veículos
de comunicação, que ignoraram o tema, o Plebiscito Popular por uma
Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político conseguiu
arrecadar 7.754.436 votos em urnas fixas espalhadas por todo o país
e por meio da internet. Desses, 97,05% (7.525.680) foram favoráveis
à convocação da constituinte.

O balanço da campanha foi divulgado
nesta
quarta-feira, dia
24,
e representa 95% das urnas apuradas. A expectativa é que o número
total seja apresentado até o próximo mês. Em Pernambuco, o
resultado final da apuração ainda não foi divulgado, mas 120 mil
votos já tinham sido registrados em 85% das urnas.

O Comitê
do Sindicato
dos
Bancários de
Pernambuco pela
Reforma Política contribuiu com 4.173 votos, dos quais 93% disseram
SIM à instalação da constituinte da reforma política. “As
urnas do Sindicato contaram com a participação massiva dos
bancários pernambucanos, que deram seu recado: queremos um novo
sistema político para acabar com as mazelas de hoje”, comenta o
diretor do Sindicato, Ronaldo Cordeiro.

Educação
política –
Os
estados de São Paulo (2.617.703 votos), Minas Gerais (1.354.399) e
Bahia (774.218) lideraram a participação na campanha, que contou
até com eleitores em outros países, quesito em que a França lidera
(4.621). Os votos brancos e nulos somam 0,37% (28.691).

Presidente
nacional da CUT, Vagner Freitas lembrou a relevância dos números
num cenário em que a parcela conservadora da sociedade brasileira
vende como negativa a participação na política por meio de
movimentos sociais e partidos.

“O
plebiscito popular teve o caráter educativo de mostrar que há
pessoas querendo modificações na política. Esse é o momento para
as organizações que ainda não participaram, se engajem nessa
luta”, defendeu.

Manifestação
em Brasília –
A
campanha entregará o resultado das urnas para a Presidência da
República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, nos
dias 14 e 15 de outubro, quando as 477 organizações que compuseram
o plebiscito promoverão um ato unificado em Brasília.

Vagner
destacou a importância da campanha para pressionar o Legislativo a
convocar um plebiscito oficial e lembrou o Projeto de Decreto
Legislativo (PDL) que depende de 172 assinaturas, o equivalente a um
terço da Câmara, para ir ao plenário. A proposta é encabeçada
pelos deputados federais Renato Simões (PT-SP) e Luiza Erundina
(PSB-SP).

No Brasil, ao contrário de outros países, uma
consulta popular oficial é submetida ao Congresso. “A única forma
de fazer a proposta andar é pressionar por dentro e fora do
Congresso e, principalmente, nas ruas como forma de ganhar a
consciência popular”, definiu o dirigente.

Para o diretor
Executivo da CUT, Júlio Turra, a ideia de que não dá para fazer
uma reforma política com os parlamentares do atual Congresso é o
que unifica os movimentos. “A
ausência de reforma política trava as outras reformas estruturais.
Como fazer reforma agrária com um Congresso composto por 191
deputados e 14 senadores na bancada ruralista? Como reduzir a jornada
com uma maioria de congressistas capitalistas. Como descriminalizar o
aborto se as mulheres são somente 9% da Câmara?”,
criticou.

Expectativa
e mídia –
Membro
da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), João Paulo Rodrigues, acredita que, mesmo mudando
alguns nomes, o Congresso na próxima legislatura permanece definido
por “oito ou dez
empresas que montam sua bancada de acordo com seus interesses.”

“O
resultado do plebiscito demonstra que há apoio popular para a
Constituinte Exclusiva e devemos aproveitar para envolver a juventude
no debate sobre os rumos do país”, defendeu.

Representante
da Consulta Popular, Paola Strada avaliou que a mobilização nos
estados conseguiu superar o silêncio da mídia, que não repercutiu
a campanha nem mesmo quando os candidatos à presidência da
República, Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB) e Pastor
Everaldo (PSC) participaram ou quando a presidenta Dilma Rousseff
(PT)
declarou
apoio à iniciativa.

“O
silêncio da mídia foi avassalador, ainda que tenhamos tido muita
luta nas ruas e atuação nas redes sociais. O que prova que ela não
é tão democrática. E nossa bandeira é justamente aprofundar a
democracia brasileira.”

Histórico
A
proposta de construção do plebiscito para debater o sistema
político é um dos resultados das manifestações de junho e julho
do ano passado, que sacudiram o Brasil. O tema do Plebiscito
apresenta questões relacionadas ao sistema político, como o
financiamento público de campanhas, a sub-representarão das
mulheres, indígenas e negros no parlamento e a importância do
fortalecimento de mecanismos de democracia, como a participação em
conselhos e a construção de referendos e plebiscitos, que permitam
ao povo participar das decisões políticas de forma efetiva.

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