Bancári@s não querem que teletrabalho prejudique a categoria

•             Pesquisa
com mais de 11 mil bancários mostra impacto do home office

•             Quase 70%
querem que bancos devem oferecer equipamentos e estrutura adequada

•             Fadiga
constante e cansaço afetam mais de 60% dos que estão em teletrabalho

•             Aumento
dos gastos em casa são outro problema do home office

•             Mulheres
são as mais prejudicadas com o trabalho em casa

A Campanha Nacional que começou a ser negociada pelo Comando
Nacional dos Bancários com os bancos tem como primeiro tema a questão do teletrabalho.
Assunto novo nas relações trabalhistas, o trabalho à distância não pode
prejudicar a saúde e o bolso dos trabalhadores e nem significar a perda de
direitos. Para que isso não aconteça, os bancári@s apresentaram uma cláusula
específica sobre o teletrabalho.

Definir as novas regras é necessário porque pesquisa feita
pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas
(Dieese) com mais de 11 mil bancári@s revelou que o teletrabalho adotado pelos
bancos desde o início da pandemia provoca problemas de saúde, gastos adicionais
para os trabalhadores que atuam em suas casas, além da falta de mobiliário,
entre outras dificuldades.

Nas casas dos funcionários faltam equipamentos e mobiliário
adequado para o exercício da profissão. Na pesquisa, 68,1% dos entrevistados
disseram que os bancos poderiam melhorar a situação da saúde dos que trabalham
em casa fornecendo equipamentos adequados, com padrões ergonométricos, que
protejam o usuários de danos e distúrbios físicos provocados pelo trabalho
intenso. A reclamação tem base, já que 32,5% disseram que seus bancos não
disponibilizaram qualquer equipamento necessário para o trabalho à distância.

Além da falta de mobiliário e equipamentos adequados, apenas 19%
disseram que têm algum cômodo apropriado para o trabalho em suas casas. A
grande maioria tem de ocupar a sala, a cozinha ou o quarto para
trabalhar. Na negociação, a categoria bancária reivindica, além de os
bancos arcarem com os custos de equipamentos e estruturas adequadas, que
também seja pago um “auxílio home office” para quem trabalhar à
distância.

Saúde ameaçada

A saúde d@s bancári@s com o teletrabalho não está bem, como mostra a
pesquisa. Dos entrevistados, 72,6% disseram que estão sempre preocupados
com o trabalho. Fadiga constante e cansaço são sintomas de 60,6% dos
consultados. Dores musculares afetam 63,4% e 54,3% têm medo de serem
esquecidos pelas chefias, perderem oportunidades profissionais ou perdem
o emprego com o afastamento do local original de trabalho. “Tem
bancários que querem permanecer em teletrabalho. Queremos garantir
condições adequadas para eles não adoecerem”, afirma a presidenta da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Juvandia
Moreira, coordenadora do Comando Nacional.

Na minuta entrega pelo Comando há uma cláusula específica
sobre teletrabalho e que estabelece que “o empregador é responsável pelas
condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho, independentemente do
local onde o serviço seja prestado”. A mesma cláusula também determina que o
“ficará a cargo do banco o fornecimento de todo e qualquer equipamento ou
material necessários para a realização do trabalho, bem como a manutenção,
reposição e abastecimento”.

Desde que entraram em teletrabalho, 32,1% dos bancári@s entrevistados
disseram que tiveram suas contas de internet mais caras. Também
aumentaram os gastos com contas de luz, de acordo com 78,6%. A despesa
com supermercado também saltou, de acordo com 72% dos entrevistados. “Os
bancos economizam com o teletrabalho, os bancários não podem ter gastos
com o teletrabalho, cabe aos bancos ressarcirem esses custos”, declarou
Juvandia.

Jornada controlada

A cláusula do teletrabalho também estabelece que a jornada de
trabalho deve ser controlada, “com mecanismos de hibernação de todos os
sistemas utilizados para desempenho das funções dos teletrabalhadores,
quando alcançado o limite da jornada”. O controle da jornada é
importante porque a pesquisa do Dieese revela que para 36% dos
entrevistados, a jornada de trabalho aumentou. O que não têm qualquer
controle sobre o cumprimento da jornada são 32%. Os que estão em piores
condições, 26% na pesquisa, são os que dizem que estão trabalhando mais
do que antes sem receber hora extra ou acúmulo no banco de horas.

Prejuízo das mulheres

As mulheres são mais prejudicadas nos problemas provocados
pelo teletrabalho. Enquanto a pesquisa mostra que 23,8% da categoria avalia que
o trabalho doméstico ficou difícil ou muito difícil do que antes, o percentual
sobe para 35,8% quando as entrevistas são mulheres. Ter filhos em idade escolar
em casa atrapalha a vida de 42,1% de quem está em teletrabalho.

O parágrafo 8º da cláusula sobre teletrabalho estabelece que
em caso de violência doméstica, a vítima determina se quer ou não o trabalho à
distância. O teletrabalho à distância também será garantido à trabalhadora
separada de seu agressor, judicialmente ou não, mediante sua solicitação
expressa.

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