O Sindicato dos Bancários de Pernambuco recebeu na segunda-feira (6/6), uma grave denúncia de perseguição a empregados da Caixa Econômica Federal, lotados na Cigad Re – Centralizadora Regional Gestão de Adimplência, além de prática antissindical por parte da gestão. A situação será tratada pela diretoria do Sindicato junto à Superintendência da Caixa e também levada ao Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (CONECEF).
Para o empregado Marconi Chaves, a diferenciação no tratamento começou em janeiro de 2022, após o mesmo ter contestado a negativa do seu gerente ao pedido de ampliação do período de trabalho em home office por mais três meses, conforme possibilidade anunciada pela própria Caixa Econômica para trabalhadores com doenças autoimunes.
“Fui mantido no trabalho presencial, onde estava afastado fisicamente da minha equipe e do meu chefe imediato, e não houve nenhum processo de integração neste novo departamento que passei a atuar após os dois anos em home office. Fui me apresentando aos poucos aos demais empregados, fazendo o meu trabalho e batendo as metas determinadas”, relata Marconi.
Ex-delegado sindical, o empregado que costumava compartilhar com os colegas de trabalho, no grupo de whats app do departamento, informações veiculadas pelos canais de comunicação do Sindicato e da Fenae, foi surpreendido com um comunicado de novas “regras” estabelecidas pelo gerente.
“Ficam proibidas: Debates de cunho político, econômico, partidário, sindical etc.”, dizia trecho do informe, que por outro lado autorizava comemoração de aniversariantes, maternidades, paternidades; novidades da Caixa e sobre o dia a dia da unidade; além de mensagens motivacionais.
A secretária Geral do Sindicato e representante do Nordeste na CEE Caixa, Cândida Fernandes, critica a postura da gestão. “Num grupo onde circulavam mensagens diversas, inclusive fotos de pets sem repreensão, consideramos que a proibição expressa de conteúdos sindicais, que visam tratar assuntos de interesse dos empregados, é uma grave prática antissindical. Nossa diretoria tem recebido denúncias de outros empregados no mesmo departamento, pois o clima de intimidação está instalado”, ressalta.
Após o ocorrido, no dia 6 de junho, o empregado Marconi Chaves foi informado que deveria remover seus pertences de sua bancada de trabalho, pois a partir desta terça-feira (7/6), não trabalharia mais na CIGAD. Marconi foi transferido sumariamente para o PA Prazeres – Jaboatão dos Guararapes, localizado a 47 km da sua residência.
“Fui enxotado. Esta foi a situação mais absurda que vivenciei nos 32 anos de trabalho na Caixa. Não tenho medo de me posicionar e estou tranquilo por saber que não descumpri nenhum normativo da Caixa. Inclusive, porque o whats app não foi reconhecido como meio de comunicação oficial no banco, mesmo com a pandemia”, afirma Marconi.
O gestor da CIGAD informou ao empregado que o critério usado para escolha do seu nome na “reestruturação do setor” foi pelo menor tempo de trabalho no local. Entretanto, há registros de outros empregados que iniciaram na CIGAD no mesmo período e não foram procurados.
O presidente do Sindicato, Fabiano Moura, destaca a preocupação da entidade com a saúde dos bancários. “É importante que os empregados que sofram perseguição ou qualquer tipo de retaliação denunciem ao Sindicato. Neste caso, nos preocupa sobremaneira a transferência para um local ainda mais distante e de maior exposição um trabalhador acometido por doença autoimune, de conhecimento do banco, que poderá ter sua situação de saúde agravada por causa do deslocamento. Condenamos a prática de perseguição, assim como a prática antissindical verificada neste caso”, conclui.