Em posse histórica, Lula reafirma compromisso com os bancos públicos e a classe trabalhadora

 
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
O Brasil em toda sua diversidade subiu a rampa do Palácio do Planalto para passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva, diante de centenas de milhares de pessoas que lotaram a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A emoção do público e do próprio presidente marcou a cerimônia de posse, terceira da trajetória política de Lula, que destacou que a democracia foi a grande vitoriosa nesta eleição.
Após desfile em carro aberto no Rolls Royce, Lula discursou no Congresso Nacional e subiu a rampa do Planalto ladeado por representantes do povo brasileiro: uma criança negra (Francisco Carlos do Nascimento), uma das maiores lideranças indígenas do país (Raoni Metuktire, do povo Kayapó), um ativista da luta anticapacitista das Pessoas com Deficiência (Ivan Baron), um professor (Murilo de Quadros Jesus), um metalúrgico do ABC (Weslley Viesba Rodrigues), dois apoiadores da Vigília Lula Livre (a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos e o artesão Flávio Pereira) e uma mulher negra e catadora de recicláveis (Aline Sousa), esta última que fez a entrega da faixa na ausência do ex-presidente derrotado nas urnas, Jair Bolsonaro. 
Com discursos em tom de unificação nacional, o presidente agradeceu aos seus apoiadores e aos poderes da república que defenderam a democracia, e garantiu que governará para os 215 milhões de brasileiros. “Vou governar para todos e todas, olhando para o nosso luminoso futuro em comum e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância. […] Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, afirmou no parlatório.
Caravanas de todas as regiões do país participaram da festa da democracia,  que contou com forte presença dos movimentos sociais e dos comitês populares de luta, que tiveram papel fundamental para conscientização popular e para eleger o novo governo. 
“A participação ativa dos comitês populares de luta que se transformaram em Comitês com Lula nas eleições, a partir das idas aos mercados, ao metrô, às praças e ruas para dialogar com a população, culminaram na vitória de Lula. A posse foi uma grande festa, mas, sobretudo, teve um grande significado político, pois Lula se comprometeu com o programa da classe trabalhadora, com as necessárias e fundamentais mudanças em todas as áreas no Brasil, como o fim da precarização do trabalho a partir de uma revisão na legislação trabalhista, da revogação de medidas que atrasaram o processo de desenvolvimento do Brasil no meio ambiente, nos Direitos Humanos, entre outros”, afirma Expedito Solaney, coordenador do Comitê Popular de Luta dos Bancários de Pernambuco, que contou com um Grupo de Trabalho (GT) formado por militantes como, Georgina Ramo, Tereza Souza, Geraldo Times, Fabiano Moura, Bethânia Montarroyos, Suzi Rodrigues, Epaminondas França, Beatriz Albuquerque e Osangela Oliveira.
Na avaliação do coordenador do referido Comitê, agora, abre-se um novo ciclo que é a governabilidade, para que Lula governe para o povo e com o povo, inclusive os bancários. “Temos uma jornada de luta e de organização da classe trabalhadora, em particular de unidade dos bancários, neste processo que se abre com os 100 primeiros dias, que definem como o governo vai se posicionar e governar. O Comitê dos Bancários continua revestido de grande importância, atuando em sintonia com o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, para imprimir um ritmo de trabalho que vai nos fortalecer enquanto categoria e trazer o país de volta para o eixo do desenvolvimento, da distribuição de renda, dos direitos humanos no mundo do trabalho e como pauta da cidadania, da garantia dos direitos no mundo do trabalho, do fortalecimento dos bancos públicos e da abertura de novos postos de trabalho no setor privado. Queremos um outro sistema financeiro, que não seja sócio da inflação e cúmplice da miséria”, afirmou Solaney. 
No Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a situação atual de desmonte das empresas públicas e, citando em quatro oportunidades os bancos públicos, disse que as estatais terão papel fundamental como indutoras do crescimento neste novo ciclo. 
“Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. […] Hoje mesmo estou assinando medidas para reorganizar as estruturas do Poder Executivo, de modo que voltem a permitir o funcionamento do governo de maneira racional, republicana e democrática. Para resgatar o papel das instituições do estado, bancos públicos e empresas estatais no desenvolvimento do país. Para planejar os investimentos públicos e privados na direção de um crescimento econômico sustentável, ambientalmente e socialmente”, afirmou o presidente no seu discurso.
No parlatório, Lula chorou ao falar sobre a volta da situação de fome no Brasil. “Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo em busca de alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a que têm direito”, disse.
Comprometido com a pauta da classe trabalhadora, o presidente Lula reafirmou que, de forma tripartite – governo, centrais sindicais e empresariais – irá dialogar sobre uma nova legislação trabalhista, que garanta proteção social. 
 
À noite, Lula recebeu cumprimentos de líderes estrangeiros no Itamaraty. Entre eles, estavam 17 chefes de Estado e delegações de 120 países de todos os continentes. Finalizou o intenso dia de posse cumprimentando o público no Festival do Futuro, evento cultural festivo organizado pela primeira dama Janja.  
Em seu primeiro dia como presidente, Lula assinou 52 decretos e 4 Medidas Provisórias, além de ter revogado outros atos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um deles foi a medida provisória que garante o pagamento de R$ 600 do Bolsa Família. Lula também assinou decreto que altera a política de Bolsonaro de flexibilização de acesso às armas. Outro ato do presidente prevê reavaliar sigilos impostos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em documentos. Clique aqui para conferir todos os atos, na matéria da Agência Brasil.

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