
Apesar do crescimento de 3,5% do PIB, expresso na criação de 1,7 milhão de empregos com carteira, na queda do desemprego e no aumento recorde da massa salarial, a desigualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho perdura. De acordo com os dados apresentados no Boletim Especial – 8 de Março, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), as mulheres continuam com as maiores taxas de desemprego, os menores salários e ainda acumulam tarefas domésticas, além de enfrentar a violência cotidianamente.
Segundo dados do 3º trimestre de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC-IBGE), 3,7 milhões de mulheres estavam sem trabalho e em busca ativa de uma colocação no mercado de trabalho. A taxa de desocupação feminina foi de 7,7%, contra 5,3% da dos homens. No caso das mulheres negras, a desocupação atingiu 9,3%, taxa muito maior que a dos homens não negros (4,4%).
No Ramo Financeiro, a eliminação de postos de trabalho bancário tem se dado, predominante, por conta dos maiores saldos negativos entre as mulheres. Entre 2020 e 2023, o registro do saldo é negativo de -730 homens e -16.336 mulheres.
Com relação à remuneração média das mulheres bancárias, é 19% inferior à remuneração média dos homens bancários. No mercado de trabalho, considerando as demais categorias, esse percentual é de 22%. Ao analisar o recorte racial nos bancos, a remuneração média das mulheres negras (pretas e pardas) é 34,5% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.
“Precisamos ressaltar sempre a importância do 8 de março, quando celebramos muitos avanços conquistados através de muita luta, mas diante dos números estatísticos divulgados pelo Dieese, sabemos o quanto ainda temos que lutar e avançar contra as desigualdades impostas a nós mulheres, a violência e feminicídio. Basta! Não irão nos calar!”, afirma a secretária da Mulher do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Alzira Cavalcanti.
Ainda sobre a categoria bancária, em 2023, as mulheres ocupavam 46,5% dos Cargos de Liderança. Considerando o recorte racial, mulheres negras representavam 10,3 % destes cargos. A remuneração média das mulheres nos cargos de liderança é 25% inferior à remuneração dos homens.
A Lei nº 14.611, sancionada pelo Presidente Lula, em 03 de julho de 2023, reforça a necessidade da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres, com obrigatoriedade para as empresas de apresentar o Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. “Neste sentido, a negociação coletiva, via Sindicato, é fundamental para implementação da paridade de salários e garantia da igualdade de oportunidades, para que a lei seja uma realidade na vida das mulheres”, conclui a técnica do Dieese Pernambuco, subseção Bancários/PE, Osangela Sena.