Há “descompasso” entre influência e defesa do Brasil, diz Amorim

O novo
ministro da Defesa, Celso Amorim, assumiu nesta segunda-feira (08/08)
dizendo que vai trabalhar para fortalecer a capacidade brasileira de
proteger riquezas e fronteiras, o que requer melhorar o orçamento
militar. Para ele, o país não tem poder dissuasório suficiente
para defender a Amazônia ou o pré-sal, por exemplo. “Há um
descompasso entre a crescente influência internacional brasileira e
nossa capacidade de respaldá-la no plano da defesa. Uma não será
sustentável sem a outra”, afirmou.

Além do apelo ao
nacionalismo, no discurso, Amorim destacou que considera importantes
algumas características valorizadas pelas forças armadas agora
subordinadas a ele. Falou em “patriotismo”, “abnegação”,
“hierarquia” e “disciplina”. Disse ver
“aspirações legítimas” no desejo da caserna de melhorar as
condições de vida nos quartéis. E que vai buscar, também,
“autonomia tecnológica” para as forças.

Mas o ministro
não deixou também de transmitir, de forma sutil, algumas mensagens.
Afirmou que os militares estão “plenamente conscientes da
subordinação ao poder democrático civil”. Que terá “espírito
crítico” ao implementar a Estratégia Nacional de Defesa e o Plano
de Articulação e Equipamento de Defesa. E que as forçar armadas
precisam refletir “de forma crescente” a diversidade da
sociedade. “Devemos valorizar a discussão de temas como direitos
humanos, desenvolvimento sustentável e igualdade de raça, gênero e
crença”, afirmou.

Foi, no entanto, a única menção a
“direitos humanos” no discurso, tema que sempre causa alguma
inquietação nos militares, por causa da ditadura de 1964.

Depois
de Amorim, a presidenta Dilma Rousseff também falou na cerimônia de
posse e justificou a escolha do novo ministro ressaltando aspectos
que, para ela, produziriam identificação entre Amorim e os
militares. Disse que, como eles, o ministro tem “elegância”,
“moderação pública”, “cultura e peparo técnico” e
“profissionalismo”.

A presidenta procurou destacar
ainda o peso da “carreira de Estado” na biografia de Amorim, ao
lembrar que ele esteve em governos diferentes. Foi chanceler de
Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva. E representante nas
Nações Unidas e em outros organismos internacionais com Fernando
Henrique Cardoso.

“A experiência de Celso Amorim em
política externa será valiosa para o ministério da Defesa”,
disse a presidenta, explicando que o Brasil negocia hoje acordos
bilaterais e compra de armamento e aquisição de tecnologia bélica
e que o currículo do ex-chanceler será útil.

A presidenta
disse ainda que o novo ministro terá de continuar com mais
velocidade projetos que já estavam em curso na Defesa.

Dilma
encerrou o discurso com uma tentativa de neutralizar eventual
intranquilidade que possa ter havido entre militares com a Amorim,
que é do PT. “A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à
Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido
do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o
novo ministro sabe disso”, declarou.

Dilma e Amorim
reuniram-se no último sábado (08/08), e eles combinaram que o
ministro sentaria com os comandantes das três forças (exército,
marinha e aeronáutica) antes da posse, o que aconteceu naquele mesmo
dia.

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