Domingo, dia 31 de
julho. Eram 9 horas da manhã, quando um grupo de ex-candidatos que
foram derrotados na última eleição do Sindicato dos Bancários de
Pernambuco tentava dar um duro e rasteiro golpe na categoria. Por
debaixo dos panos, essas pessoas que não têm o menor compromisso
com os trabalhadores tentaram criar, em assembleias fraudadas, dois
novos sindicatos de bancários na região metropolitana do Recife,
além de ampliar a base do sindicato de Caruaru para a região.
A
história do golpe começou no dia 21 de julho, quando os candidatos
derrotados publicaram no Diário Oficial da União três editais para
“convocar” os bancários para as assembleias. Convocar, no caso,
era uma mera formalidade jurídica, já que essas pessoas não
passaram nos bancos para avisar os trabalhadores sobre a assembleia,
que foi marcada estrategicamente para o último dia do mês. Nesta
data, as principais lideranças dos bancários de Pernambuco estavam
em São Paulo para participar da Conferência Nacional da categoria,
que definia a pauta de reivindicações da campanha salarial deste
ano.
O Sindicato de Pernambuco soube pelo Diário Oficial da
União sobre essas assembleias e fez papel que os golpistas
deveriam ter feito: convocar os bancários das cidades envolvidas
para participar da discussão. Muitos trabalhadores deixaram o dia de
descanso de lado, acordaram cedo, encararam a chuva e foram para as
assembleias, que seriam realizadas em Paulista e Jaboatão dos
Guararapes. A terceira assembleia foi marcada na sede do sindicato de
Caruaru, mas ninguém compareceu e, por falta de quorum, a reunião
foi cancelada.
Em Paulista e Jaboatão, no entanto, a história
foi outra. Nos dois lugares as assembleias estavam marcadas em
residências particulares e aí os golpistas puderam mostrar o seu
verdadeiro caráter. Embora os bancários tivessem comparecido em
peso e antes da hora marcada, os chamados “líderes” do golpe
impediram que a categoria participasse democraticamente das
assembleias. Com seguranças colocados estrategicamente na porta das
residências, que permaneceram fechadas o tempo todo, nenhum bancário
pôde entrar para participar das reuniões. Pior, somente os
golpistas puderam entrar para decidir – sozinhos – que as regiões
de Paulista e Jaboatão deveriam ter dois novos sindicatos.
Os
bancários que compareceram nas assembleias ficaram revoltados e na
porta das residências improvisaram uma outra assembleia – essa sim
democrática e com a participação aberta para todos. Lá, os
trabalhadores puderam debater e decidiram – por unanimidade – que
essas cidades não deveriam ter sindicatos, já que os bancários
consideraram que são representados única e exclusivamente pelo
Sindicato dos Bancários de Pernambuco, que tem 80 anos de história
de lutas e conquistas para os trabalhadores.
Caso de Polícia
e Justiça – Durante as reuniões de domingo, 31 de julho, os
próprios bancários acusaram os golpistas de fraude nas assembleias.
Houve quem lembrasse que a atual diretoria do Sindicato dos Bancários
de Pernambuco reduziu o próprio mandato em cinco meses para que as
eleições sindicais não ocorressem junto com a Campanha Nacional
dos Bancários. Enquanto isso, os golpistas fingiam realizar
assembleias em plena Conferência Nacional e no início da Campanha
justamente para evitar a participação dos trabalhadores e –
principalmente – para facilitar o golpe.
Após a realização
da assembleia paralela e democrática, os bancários de Paulista e
Jaboatão se encaminharam para a delegacia e prestaram queixa contra
os golpistas. O golpe, agora, virou caso de polícia e da Justiça,
já que o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, legítimo
representante da categoria em nosso estado, está tomando as medidas
jurídicas cabíveis para evitar a criação de sindicatos de
fachada, que não fazem nada em prol dos trabalhadores.
Resistência – Os
bancários estão resistindo bravamente a este golpe. Enquanto o
Sindicato de Pernambuco tenta via Justiça impedir a criação desses
sindicatos de fachada, os trabalhadores da base organizaram um
abaixo-assinado que já conta com a adesão de mais de 80% dos
bancários de Jaboatão e região, Paulista e região e nas cidades
do entorno de Caruaru.
Os golpistas –
Inconformados com a derrota sofrida nas últimas eleições do
Sindicato de Pernambuco, há um ano e meio, integrantes das chapas 4
e 1 decidiram se juntar agora para dar este golpe nos bancários. Por
incrível que pareça, essas pessoas juravam, na época da eleição,
que tinham ideologia e propostas totalmente incompatíveis.
A
chapa 1, no caso, era formada por membros que ocuparam a direção do
Sindicato no último mandato. Diziam ser de esquerda e até já
lutaram contra golpes parecidos que já foram tentados pelos
integrantes da chapa 4 em outras épocas.
Para os candidatos
da chapa 4, aliás, golpe não é nenhuma novidade. Basta lembrar que
eles são ligados à falida e arcaica Contec, a confederação dos
bancários que, na época da ditadura militar, tirou a voz dos
trabalhadores e ajudou a manter a hegemonia dos patrões e dos
governantes daquele tempo. Eles chegaram a dominar nosso Sindicato
até 1988, quando foram expulsos pelos bancários por meio do voto.
Agora, se juntaram com quem se diz de esquerda, mas que não
pestaneja nem por um segundo para colocar seus interesses pessoais
acima da luta dos trabalhadores.
Unidade Nacional – O
Sindicato dos Bancários de Pernambuco é filiado à Contraf-CUT e
trabalha em conjunto com mais 90% dos sindicatos do país. Essa
unidade nacional só fortaleceu os bancários, que hoje são a única
categoria no Brasil a ter uma Convenção Coletiva Nacional, que
garante os mesmos direitos para todos, seja em São Paulo ou em
Pernambuco.
Com a Contec, a história é outra. Ela aposta no
isolamento e na separação, que só interessam aos bancos e aos
sindicatos de fachada.